Delio, Michelle. Universidade lança projeto de conteúdo livre nos EUA, Dec. 16, 2003. Disponível em <
https://web.archive.org/web/20040221101955/http://br.wired.com/wired/cultura/0,1153,14538,00.html >. Acesso em 21 nov.
2021.
Enquanto os tribunais continuam debatendo a tênue linha entre o compartilhamento e o roubo de conteúdo nas redes de troca de arquivos, algumas universidades instalam softwares contra plágio em suas redes e limitam a quantidade de dados que seus alunos podem baixar. Mas um curso de mídia de uma universidade norte-americana está tomando um rumo bastante diferente.
Na Universidade de Maine, "os trapaceiros podem prosperar", afirma o professor Jon Ippolito. Para provar que a abertura de informações pode ajudar os alunos a nadar em vez de afundar, o novo laboratório de mídia
Still Water (link externo) produziu
The Pool (link externo), um ambiente online cooperativo para a criação e compartilhamento de imagens, música, vídeos, código de programação e textos. "Estamos treinando revolucionários - não os dogmatizando, mas expondo-os a um processo em que o compartilhamento da cultura é a norma", disse Joline Blais, professora de nova mídia da Universidade de Maine e co-diretora do Still Water. "É tudo uma questão de imaginar uma sociedade onde compartilhar é produtivo e não destrutivo, onde a cooperação é mais produtiva do que a competição".
Se compartilhar informações realmente resulta em "trapaça", isto é discutível. Outras universidades estão criando seus próprios projetos, entre eles o
Swarthmore Coalition for the Digital Commons (link externo), um programa administrado pelos próprios alunos e centrado na manutenção de padrões abertos e livres de informação, e o
Creative Commons (link externo), da Universidade de Harvard, que cria um conjunto de trabalhos criativos livres com cópia e reutilização liberadas.
Mas a abertura de trabalhos criativos ainda é um passo ousado num terreno acidentado pelas visões conflitantes dos próprios titulares dos direitos autorais sobre propriedade intelectual. "Muitos profissionais criativos ainda não têm uma opinião muito bem formada a respeito dos direitos autorais e como eles impedem o livre fluxo de informação", disse Andrew Folkston, um professor de jornalismo aposentado de Toronto. "Por exemplo, na comunidade de mídia você tem pessoas que são, por natureza, impelidas a compartilhar informação, mas também sentem que precisam guardar suas fontes e seu trabalho para continuar competitivas".
Os alunos do Still Water conhecem bem esta dicotomia. "Não temos um consenso sobre como projetos abertos devem ser realizados em qualquer nível de desenvolvimento, ou quais poderes o autor original deve ser autorizado a manter sobre o seu trabalho. Discutimos alguns desses assuntos durante meses sem qualquer tipo de resolução", disse John Bell, estudante do curso de nova mídia da Universidade de Maine. "É por isso que existem tantas opções para termos de licenciamento e reutilização para os colaboradores do Pool. Reconhecemos que cada autor terá suas próprias concepções a respeito de como equilibrar o compartilhamento e a exclusividade de alguns de seus direitos, e permitimos que eles definam suas próprias permissões".
O Pool dá ênfase à criatividade distribuída, um conceito semelhante a um computador de cluster para o mundo da mídia. Os usuários podem "mergulhar" no ambiente e procurar por conteúdo visual ou de áudio para usar em seus próprios projetos, encontrar colaboradores para trabalhar em conjunto ou pedir ajuda a colegas.
Os colaboradores também podem propor conceitos que serão colocados em prática por outros, ou responder a convites para explorar, revisar, reeditar ou remixar trabalhos existentes. A estrutura do Pool foi criada para que seja fácil seguir o "rastro" deixado por uma ideia à medida que é adotada por outros colaboradores, transposta para outros meios ou acessadas por usuários diferentes com tecnologias diferentes ao longo dos anos.
"Depois de cada semestre de trabalho, os projetos que fiz acabaram ou no lixo ou indo parar no meu portfólio. O Pool muda isso, fazendo com que os projetos vivam para sempre", afirma Justin Russell, estudante de nova mídia na Universidade de Maine. "Teoricamente, os alunos do semestre que vem poderão usar meu trabalho, junto com o de outros, para fazer trabalhos novos ou melhores em suas aulas".
No entanto, se Blais conseguir o que deseja, o Pool não será permanente. "Em dez anos, o paradigma estará tão estabelecido que o Pool será ou onipresente ou desnecessário", afirma. "Esperamos que a prática da cooperação dê poder as comunidades e aos indivíduos, a ponto de permitir que driblem a produtividade e a influência das corporações".
Aprendizado e crescimento:
comportamento em riscos
Palavras-chave:
padrões de informação,
conteúdo livre
--
GregorioIvanoff - 20 Apr 2019
to top