Um "toc" na cuca: técnicas para estimular a criatividade
Cecília Yoshiko Itchikawa Nishimura, brasileira, nascida em São Paulo – Capital em 1979, formada em Administração de Empresas, estudante de Pós-Graduação de Business Intelligence, Analista de Faturamento, 31 out. 2005.
Praticamente todo o nosso sistema educacional objetiva ensinar às pessoas uma única resposta certa. Isso pode ser ótimo em alguns problemas de matemática. Mas a vida é ambígua, nela existem muitas respostas certas e estas dependem do que você está procurando. Se pensar que só existe uma resposta correta, é óbvio que vai parar de procurar outras e, portanto, só vai encontrar uma.
Uma técnica para achar outras respostas certas é mudar as perguntas que servem para sondar um determinado problema. Por exemplo, quantas vezes você ouviu questões como “Qual é a resposta?”, “O que significa isso?”, “Qual o resultado disso?”. Se você formular as perguntas no plural - “Quais”, descobrirá que as pessoas tenderão a pensar com um pouco mais de profundidade e a propor mais de uma ideia. Essa é a técnica das respostas múltiplas.
As respostas que você encontra, dependem das perguntas que faz. Brinque com a formulação das perguntas para obter respostas diferentes, utilize em suas questões “e se...”.
Segundo Roger Von Eoch, existem dois grupos de pensamentos: Difuso e Concreto. O Pensamento Concreto tem um perfil definido de certo e errado e o Pensamento Difuso possui muitas respostas certas. Pensamento Concreto, por sua vez tem de ser lógico, preciso, exato, específico e consistente. Pensamento Difuso é metafórico, aproximativo, nebuloso, humorístico, brincalhão e capaz de lidar com as contradições.
O Pensamento Difuso é muito eficaz na fase de germinação, quando alguém está procurando novas ideias, pensando globalmente e manipulando problemas. O Pensamento Concreto é mais utilizado na fase prática, no momento em que está avaliando as ideias, fazendo com que caibam nos limites das soluções práticas, analisando riscos e preparando a ideia para transformá-la em ação.
Utilizar o pensamento difuso quando se está na fase prática pode impedir a execução de uma ideia. Na fase germinativa, o pensamento concreto pode limitar o processo de criação. A lógica e a análise são instrumentos importantes, mas depender excessivamente deles pode limitar o pensamento.
Utilizem metáforas, pois elas nos ajudam a compreender uma ideia. A chave do pensamento metafórico é a similaridade, faz crescer nossos pensamentos: “Compreendemos o que é estranho a partir das semelhanças que possua com o que é familiar”.
Você questiona as regras? Por que será que as pessoas tratam a maioria dos problemas e das situações como se fossem sistemas fechados, com padrões definidos, ao invés de considerá-los sistemas abertos, com os quais se pode brincar?
Uma razão preponderante para isso, é que, em nossa cultura há uma enorme pressão no sentido de se obedecerem as regras. Esse é um dos primeiros valores que aprendemos na infância. “Não pinte fora do contorno”, dizem à gente. Os alunos recebem mais recompensas se regurgitarem informação do que se trabalharem com ideias e pensarem em usar as coisas de modo original. As pessoas se sentem mais seguras seguindo do que questionando as normas.
Verifique periodicamente suas ideias para ver se elas estão contribuindo para seu pensamento ser mais eficaz. Pergunte-se: “como foi que se começou esse programa, conceito ou ideia?” Continue depois: “Essas razões ainda existem?” Se a resposta for “não”, elimine a ideia.
Evite se apaixonar definitivamente pelas ideias, se você se desapaixonar por ela, você estará livre para procurar novas ideias.
Por que as pessoas não usam o recurso “e se” e os pontos de apoio com mais freqüência para gerar ideias? Razões existem várias. Uma delas é que, à medida que as pessoas envelhecem, ficam prisioneiras do hábito. Elas se acostumam ao “é” da realidade e se esquecem das possibilidades geradas pela pergunta “e se”.
É muito pouco provável que uma determinada pergunta “e se” resulte de imediato em uma ideia prática e criativa. Logo, é necessário formular várias perguntas “e se” e partir de vários pontos de apoio para se chegar a uma ideia criativa aplicável.
Todos nós aprendemos a evitar ambiguidades por causa dos problemas de comunicação que elas podem provocar. Isso é válido em situações práticas, quando as conseqüências de um mal-entendido seriam graves. Por exemplo, num incêndio de grandes proporções, o chefe dos bombeiros em ação precisa dar suas ordens com o máximo de clareza, para que não hajam dúvidas.
Em situações germinativas, porém, existe o perigo de imaginação ser sufocada pelo excesso de especificidade. Suponhamos que o mesmo chefe de bombeiros peça para você pintar um painel na parede do quartel. Se ele disser exatamente como quer o painel, nos mínimos detalhes, você não vai ter espaço para usar a imaginação. Se a tarefa for definida com um pouco mais de ambiguidade, você já terá mais amplitude para imaginar. Em outras palavras, há um lugar para ambiguidade, talvez não tanto quanto você estiver executando ideias, mas certamente quando estiver procurando por elas.
Percebemos o quanto podemos fazer por nós mesmos para aumentar nossa capacidade de criação. E, para que dê certo basta aplicarmos estas pequenas ações em nossas vidas. Afinal de contas, existem “mil maneiras de se preparar Neston”.
Palavras-chave:
valor em normas sociais,
prática em ação,
situações limites,
sistema educacional,
padrões definidos,
circuito tecnológico,
criatividade,
metáforas,
desengajamento
EOCH, VON ROGER, Um “TOC” na cuca, Editora Cultura, 1999.
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GregorioIvanoff - 06 Apr 2011
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