Sofrimento e prazer no trabalho
DEJOURS, C. Reunião de Pesquisa, Departamento de Engenharia da Produção,
Escola Politécnica,
USP, 8 nov. 2004.
Relação entre sofrimento e prazer no trabalho – ainda se fala muito em termos comportamentalistas, motivação? Contradição entre constrangimentos ligados ao trabalho e à saúde – visão angelical do trabalho!?
Organizações de trabalho industrial e de serviços, vocação, objetivos ligados à
racionalidade instrumental.
Objetivos: divisão das tarefas, divisão das relações do trabalho – comportamentos de eficácia produtiva – organização de trabalho racional permite manipular os trabalhadores.
Organização técnica e humana do trabalho, na lógica da dominação.
Racionalidade instrumental pode ser separada da
racionalidade estratégica.
Análise do trabalho –
racionalidade instrumental.
Organização humana, sociotécnica,
níveis de decisão e atividade final,
racionalidade estratégica – considera como objetos e não como sujeitos.
Contradição entre a
racionalidade estratégica e a
racionalidade que considera a questão da saúde.
Olhar cínico sobre o trabalho - os operadores são vistos como instrumentos.
Diferentes escolhas da organização, diferentes escolas da engenharia.
Valores humanistas, diferença entre prescrito e efetivo.
Distância - é lá que se constitui o trabalho propriamente dito.
Não é possível prescrever o espaço, resultado da inteligência do que está trabalhando.
Registro da iniciativa das pessoas.
Risco das pessoas se tornarem absolutamente obedientes.
Radicalismo em favor da
racionalidade instrumental.
Se as pessoas fizerem o exatamente prescrito é a operação padrão.
Criar condições especiais em termos de Gestão de RH para que o operador se envolva na gestão entre a tarefa e a atividade.
Condições para que as pessoas tenham interesse em ser inteligentes no trabalho.
Trabalhar seria trazer sua inteligência em favor da organização.
Quais são as condições favoráveis para a mobilização da inteligência no trabalho?
Desafios que tem a ver com a identidade!
Compromissos favoráveis para a saúde (entre as racionalidades).
Modelo mínimo para o ser humano (para engenheiros, para os que projetam).
Fala-se em saúde e não em subjetividade.
Subjetividade, modelo complicado! Supõe condições de manipular conhecimentos de psicologia.
Relação sobre saúde e subjetividade, manter a questão da identidade.
Identidade é o esqueleto da
saúde mental.
Toda crise somática está centrada na questão da identidade. Crise de identidade na depressão, e outras, questão central.
O trabalho sempre implica determinado sofrimento.
Se o trabalho sempre implica sofrer, por que as pessoas aceitam trabalhar?
Seria melhor deixar o trabalho de lado?
Por que trabalhar?
Desafio maior com relação à identidade.
Em troca da contribuição que trago para a organização do trabalho eu espero alguma forma de retribuição.
A forma maior de contribuição se faz por um caminho rigorosamente balizado.
Taylor, retribuição material, salário, prêmios, pessoas trabalham por dinheiro.
O que as pessoas esperam como retribuição é simbólico.
Difícil de entender, mas é questão fundamental.
Retribuição simbólica, reconhecimento.
O que seria o
reconhecimento?
Forma de julgamento pode ser dividida em duas formas:
- Julgamento de utilidade;
- Julgamento de beleza.
Julgamento de utilidade – econômica, técnica e social do trabalho.
Julgamento se passa na linha da hierarquia. Outro personagem que pode julgar é o cliente. Também os subordinados.
Nenhum chefe pode fazer economia, pode evitar o julgamento, relação com a autoridade.
A autoridade não vem de cima, as pessoas dão autoridade ao chefe.
Escolas - alunos não reconhecem a autoridade do mestre. Acontece rápido, inclusive no Brasil.
Julgamento de utilidade permite reconhecer a atividade do operador como trabalho. Somos muito sensíveis ao julgamento de utilidade.
Mulheres se sentem inúteis quando os filhos crescem - motivo de depressão. [Síndrome do ninho vazio].
Patologia do armário – Você é inútil, lento, e podemos fazer o trabalho com alguém mais jovem e que ganha menos. Continua pagando o salário, mas encosta o executivo.
Depressão, problemas mentais e outras formas de descompensação.
Julgamento de Beleza – segundo tipo de julgamento.
Belo trabalho – uma experiência elegante, respeita as regras da arte, do ofício, e ao mesmo tempo é simples.
Só pode ser feito por aqueles que conhecem as regras – julgamento dos pares.
Julgamento muito severo – está ligado à qualidade do trabalho.
Reconhecimento simbólico: dois julgamentos – retorna à questão da identidade.
Julgamento de utilidade dá gratificação com relação a pertencer à sociedade. Através desse julgamento, trago contribuição à organização, empresa, sociedade.
Sofrimento para as pessoas privadas do direito de trabalhar. Empregados de longa data – problemas de
saúde mental importantes.
Julgamento de beleza – pertence a ofício, comunidade, profissão.
O reconhecimento não está ligado à pessoa, mas ao trabalho. O que esperamos é reconhecimento sobre a qualidade do nosso trabalho. Só no segundo momento, do registro do fazer para o registro do ser, operação individual. Processo bem sucedido - após o trabalho, não sou mais o mesmo!
Pesquisador reconhecido por outros.
Podemos nos transformar a nós mesmos pelo trabalho – ferramenta importante da conquista da identidade.
Trago inteligência e sofrimento para a organização do trabalho - tenho interesse.
Não existe neutralidade entre o trabalho e a identidade. Construir a própria saúde. Bom compromisso entre as racionalidades.
Se não houver reconhecimento, há o risco de desestabilização da identidade. Desestabilizando a identidade fragilizamos as pessoas.
É inútil motivar as pessoas. Todos sabemos que o trabalho é algo maior pela nossa identidade. Pessoas motivadas por razões antropológicas.
Gestores não devem quebrar essa motivação, desmobilizar a inteligência no trabalho.
Gestão de RH que pensa a questão do reconhecimento?
Palavras-chave:
ideologias defensivas de ofício,
governança em subjetividade,
autoridade em reconhecimento,
organização em racionalidade,
produção em conhecimento,
serviços em saúde,
risco em conhecimento,
valor de troca,
organização humana,
ser humano,
valor social,
microcomunidades,
reconhecimento,
desmobilização,
subjetividade,
desinteresse,
julgamentos,
solicitude,
utilidade,
atividade,
trabalho,
risco
Resultados:
lei de acesso à informação pública,
psicodinâmica do trabalho,
produção do conhecimento
DEJOURS, C. Por um novo conceito de saúde.
Médico do Trabalho, Psiquiatra, Psicanalista do Centro Hospitalar D’Orsay. Disponível em <
http://web.archive.org/web/20030829120223/http://planeta.terra.com.br/saude/angelonline/artigos/art_saucol/con_sau.pdf >. Acesso em 31 mar. 2011.
DEJOURS, C. Subjetividade, trabalho e ação.
Escola Politécnica,
USP. Disponível em <
http://www.scielo.br/pdf/prod/v14n3/v14n3a03.pdf >. Acesso em 31 mar. 2011.
Programas de pós-graduação 2011. Sugestão de leitura. Mural do
Facebook de Gregorio Bittar Ivanoff. Disponível em <
http://www.facebook.com/gregbittar >. Acesso em 31 mar. 2011.
Psicodinâmica e Clínica do Trabalho. Disponível em <
http://www.lpct.com.br >. Acesso em 31 mar. 2011.
Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho. Disponível em <
http://www.pdt2010.net/index.asp?ss=40 >. Acesso em 31 mar. 2011.
http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=orienta%C3%A7%C3%A3o+comunidade+trabalho+%22em+subjetividade%22&btnG=Pesquisar
http://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-BR&lr=&q=autor%3Ac-dejours+adapta&lr=
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GregorioIvanoff - 31 Mar 2011
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